Mari (PB), 67 anos: entre educação, esportes, novas lideranças e a era Martins

Após duas décadas de intensas transformações, Mari entrou em um novo ciclo político a partir de 1977, com a posse de José Paulo de França. Sua gestão, que se estendeu até 1982, ficou marcada pela ênfase na educação. Em reconhecimento à sua trajetória, seu nome permanece vivo na cidade: a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Paulo de França e a própria Câmara Municipal carregam sua homenagem.

Foto: José Paulo de França governou entre 1977 e 1982/Reprodução acervo do artista plástico Júnior Pintyartes 

Na sequência, entre 1983 e 1988, o advogado Adinaldo de Oliveira Pontes, conhecido como Dr. Adnaldo Pontes ou “Gordo”, assumiu a prefeitura. Esportista e figura popular, Adnaldo sempre transitou bem pelas ruas de Mari e deixou a imagem de bom administrador. Sua gestão destacou-se pelas obras e pelo incentivo ao esporte, áreas que marcaram sua relação direta com a população.

Foto: Adinaldo de Oliveira Pontes governou entre 1983 e 1988/Reprodução acervo Revista Páginas. 

De 1989 a 1992, Mari assistiu ao retorno de José de Melo ao comando do município. Em seu segundo mandato, Zé de Melo foi o responsável por iniciar a formação do bairro Chico Faustino, um dos mais conhecidos da cidade. A família Melo voltava a ter papel central na política local. Posteriormente, seu filho Sérgio Melo tentou disputar a prefeitura em duas oportunidades, sem êxito, e sua esposa, Karina Melo, alcançaria a condição de vice-prefeita em governos seguintes.

Foto: José de Melo governou entre 1989 e 1992/Reprodução acervo do artista plástico Júnior Pintyartes 

O ciclo seguinte, de 1993 a 1996, trouxe à prefeitura Manoel Monteiro de Sampaio Filho. Sua administração ficou registrada como modesta, sem grandes obras de impacto, mas com atenção à agricultura, setor ainda essencial para a economia da cidade naquele período.

Foto: Manoel Monteiro de Sampaio Filho governou entre 1993 e 1996/Reprodução acervo do artista plástico Júnior Pintyartes 

O ano de 1997 marcou uma mudança histórica. Pela primeira vez, uma mulher chegava ao comando do Executivo municipal. Vera Lúcia da Silva Pontes, apoiada pela trajetória política do marido, o ex-prefeito Adinaldo Pontes, assumiu a prefeitura com o respaldo das camadas mais vulneráveis da população. No entanto, sua administração enfrentou sérias dificuldades no campo administrativo. Sob intensa pressão de uma oposição combativa, liderada pelo jovem e promissor Marcos Martins, Vera não conseguiu consolidar sua gestão nem viabilizar a reeleição. Sua passagem, embora simbólica pela quebra de barreiras de gênero, terminou em meio a desgaste político e disputas acirradas.

Foto: Vera Lúcia da Silva Pontes governou entre 1997 e 2000/Reprodução acervo da família Pontes

Ainda nesse período, um marco importante para a comunicação local surgia: no dia 5 de janeiro de 1998, entrava no ar a Rádio Comunitária Araçá FM. O projeto nasceu com o objetivo de fortalecer a informação, difundir cultura e abrir espaço para novos profissionais do rádio em Mari. Durante anos, a emissora cumpriu papel fundamental na vida pública e social da cidade. Contudo, atualmente atravessa um processo de declínio, com programação pouco relevante, perda de credibilidade e distante da função de ser a voz popular do município.

Foto: Rádio Comunitária Araçá FM/Reprodução acervo da UFPB

A virada do século trouxe também uma nova liderança à cena política. De 2001 a 2004, e depois de 2005 a 2008, governou Mari aquele que seria considerado por muitos como o prefeito mais carismático e popular de sua história: Marcos Aurélio Martins de Paiva.

Foto: Marcos Aurélio Martins de Paiva/Reprodução acervo do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba 

Marcos, filho do sindicalista José Martins, havia disputado as eleições de 1996 como vice de Sérgio Melo, mas saiu derrotado. Em 2000, entretanto, iniciava-se uma nova fase na política local, que ficaria conhecida como a era Martins.

Eleito prefeito em um cenário de descrédito da gestão anterior, Marcos Martins assumiu o desafio de recuperar o equilíbrio financeiro e institucional da prefeitura. Seu primeiro ato de impacto foi colocar em dia o pagamento dos funcionários públicos, medida que lhe garantiu popularidade e estabilidade política.

Reeleito em 2004, seu segundo mandato foi marcado por um maior fôlego administrativo: construções, reformas e controle rigoroso das finanças consolidaram sua imagem como gestor eficiente e pragmático. Mais do que isso, projetaram o grupo político dos Martins como força central no destino da cidade, dando início a um ciclo que influenciaria fortemente os rumos de Mari nas décadas seguintes.

Foto: Marcos Aurélio Martins de Paiva em seu segundo mandato, dos três para os quais foi eleito.




📌 Esta reportagem integra a série especial original do Paraíba 2.0 sobre os 67 anos de emancipação política de Mari. Esta segunda parte revisita as décadas de 1978 a 2004. A próxima edição abordará os períodos seguintes até os dias atuais.




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