Sapé (PB) chega aos 100 anos com baixo desenvolvimento humano e economia pouco diversificada

Foto: Reprodução Google 

No aniversário de Sapé, na Zona da Mata da Paraíba, um retrato socioeconômico baseado em dados oficiais mostra um município de porte médio que combina crescimento populacional com baixo desenvolvimento humano e forte dependência do setor público.

População cresce, mas indicadores seguem estagnados

Com 51.306 habitantes segundo o Censo 2022, Sapé figura entre os dez municípios mais populosos da Paraíba. Estimativas atuais projetam a população para cerca de 53,4 mil moradores, indicando crescimento moderado. A densidade demográfica chega a 163,6 hab/km².

A urbanização predomina: cerca de 76% da população vive na área urbana, o que pressiona infraestrutura, mobilidade e serviços básicos.

Desenvolvimento humano permanece baixo

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, calculado pelo PNUD, coloca Sapé com IDHM de 0,569, classificado como baixo. O dado sintetiza déficits estruturais em renda, escolaridade e longevidade, que pouco avançaram na última década e mantêm o município distante dos melhores indicadores do estado.

Economia dependente do Estado

O município movimenta cerca de R$ 675,8 milhões em PIB e tem PIB per capita de R$ 12.756,07, valor inferior ao de cidades paraibanas com dinâmica econômica mais forte.

A composição do valor adicionado revela desequilíbrio:

44,7% vem da administração pública;

40,8% do setor de serviços;

8,8% da agropecuária;

5,8% da indústria.


São números que confirmam a fragilidade da base produtiva e a pouca diversificação econômica. A cidade registra cerca de 5,2 mil empregos formais, com remuneração média próxima de R$ 2 mil, abaixo da média regional.

Educação: cobertura alta, desempenho limitado

A taxa de escolarização entre 6 e 14 anos está em 98,6%, mas o desempenho educacional não acompanha essa cobertura. A rede contabiliza 54 escolas de ensino fundamental e 6 de ensino médio, somando aproximadamente 9 mil matrículas.

Indicadores como IDEB e avaliações externas mostram oscilações modestas e desempenho inferior ao nacional, refletindo desafios de infraestrutura escolar, qualificação docente e permanência dos alunos no ensino médio.

Saneamento segue como um dos principais gargalos

A cobertura de saneamento básico permanece insuficiente, especialmente fora do núcleo urbano. O abastecimento de água é irregular em áreas periféricas e rurais, e o esgotamento sanitário não contempla toda a população, ampliando riscos sanitários e desigualdades.

Finanças públicas pressionadas

Dados do Siconfi apontam:

Receitas brutas (2024): R$ 216,8 milhões

Despesas empenhadas (2024): R$ 241,9 milhões


O cenário fiscal indica dependência elevada das transferências federais e estaduais, com margem limitada para investimentos estruturantes em infraestrutura e serviços.

Vulnerabilidades sociais persistem

Baixa renda, informalidade, saneamento precário e indicadores educacionais frágeis mantêm parte considerável da população em situação de vulnerabilidade.

Sem um ambiente econômico diversificado e sem políticas consistentes de qualificação profissional, a mobilidade social permanece limitada.

Entre potencial e risco

Sapé ocupa posição estratégica na Zona da Mata da Paraíba e tem peso regional, mas ainda enfrenta obstáculos para transformar porte populacional em desenvolvimento sustentável.

A cidade chega ao aniversário diante de um desafio: superar estagnações históricas e construir uma agenda de diversificação produtiva, melhoria da infraestrutura urbana e avanços concretos em educação e serviços públicos.

Sem essa virada, continuará dependente do gasto estatal como motor econômico — e vulnerável às oscilações políticas e fiscais que marcam a região.

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