CARTA ABERTA | O silêncio dos aliados de Lucinha da Saúde
Foto: Reprodução Câmara Municipal de Mari
Em Mari, na Zona da Mata paraibana, o cenário político parece ter se invertido. Um único vereador, Alisson Gomes, tem conseguido colocar o governo de Lucinha da Saúde (PSB) contra as cordas. Ao lado do pai, o ex-prefeito Antônio Gomes, o parlamentar domina a narrativa e dita o ritmo dos debates — dentro e fora da Câmara Municipal. Grita, provoca, pauta e é ouvido.
Mas o fenômeno não acontece por acaso. A força de Alisson cresce à medida que o grupo de dez vereadores governistas permanece inerte. Os mesmos que se dizem aliados da prefeita parecem incapazes de defendê-la, mesmo quando os ataques ultrapassam a fronteira do embate político e resvalam na violência pessoal e de gênero.
Na última sexta-feira (31), um ato organizado por um grupo de mulheres, com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, tentou romper esse silêncio. A campanha “Por ela, por elas, por Mari” levou às ruas da cidade um alerta contra a violência política de gênero — um crime previsto na Lei nº 14.192/2021. Lucinha da Saúde participou acompanhada de filhas e netas. Balões lilases e cartazes reafirmavam a luta por respeito e representatividade.
Desde o início do mandato, em janeiro, assessores e aliados da prefeita afirmam que Lucinha tem sido alvo de ataques sistemáticos, sobretudo nas redes sociais. Mesmo assim, nenhum gesto institucional de solidariedade partiu da base governista na Câmara.
É nesse ponto que a crítica se torna inevitável. Discordar de decisões administrativas é legítimo. Mas ignorar ataques à dignidade de uma mulher, de uma gestora e de uma cidadã, é um ato de covardia política.
O jornalismo da Paraíba 2.0 entende que Lucinha da Saúde tem sido vítima de ataques que ultrapassam o limite do debate público. Há agressões que beiram o ridículo e ofendem a própria noção de humanidade. Ao mesmo tempo, reconhecemos que o governo precisa sair da zona de conforto. A gestão tem se escorado em uma única pauta, enquanto a base legislativa se esvai em omissão.
Os vereadores que se dizem aliados têm uma escolha a fazer: assumir, de forma clara, que são governo — ou romper com coerência. Ficar no meio do caminho é negar o próprio papel.
E aqui é preciso citar nomes.
Professor Erivan Sabino, sua postura transmite a sensação de quem estacionou no acostamento. É hora de decidir: oposição ou governo?
Vânia de Zú, a senhora tem história e experiência, mas seu mandato se apaga num silêncio incompreensível.
Nice do Assentamento, a senhora carrega a voz do agricultor, do povo simples. Não permita que esse capital político escorra pelo ralo.
Menos cálculo eleitoral para 2026. Mais compromisso com o presente.
Porque, no fim das contas, Lucinha da Saúde tem emprestado a bola, o campo e o uniforme. Mas, na hora do churrasco, poucos a convidam para a mesa.
Se é governo, assuma. Diga que é governo.
Atenciosamente,