Por Manuel Batista | Reconhecimento tardio também é ato falho
“Na vida tudo passa, e eu também passei.”
Na manhã de hoje, um portal local publicou uma matéria tentando criar uma falsa polêmica a partir de uma entrevista concedida pelo atual Chefe de Gabinete da Prefeitura de Marí, Acássio Barra.
O texto sugere que o atual chefe de gabinete teria cometido um “ato falho” por não citar meu nome como ex-ocupante do cargo. Essa interpretação distorcida ignora um fato simples: ele não tinha qualquer obrigação de fazer alusões desnecessárias a cargos que ocupei no passado.
Não houve ato falho algum, tampouco qualquer desrespeito, apenas uma tentativa de criar atrito onde não há.
Fui Chefe de Gabinete do então prefeito Antônio Gomes entre 2017 e 2020, função que exerci com orgulho, seriedade e compromisso. Sempre atuei de forma técnica e discreta, nos bastidores do poder, buscando soluções para os problemas diários da administração.
Na vida pública, tudo passa, inclusive eu. E passei não por vontade própria, mas porque fui exonerado por quem ajudei por três mandatos, simplesmente por discordar de uma decisão política.
Diferente de muitos que hoje disputam cargos como se fossem donos deles, saí de cabeça erguida. Não busquei padrinhos, não gritei que “votei” para garantir meu espaço. Enquanto hoje se lamenta exonerações como tragédias pessoais, eu vivi a minha em silêncio.
Fui exonerado do cargo de Secretário de Cultura apenas 15 dias depois da Câmara Municipal de Marí aprovar uma menção honrosa, aprovada por unanimidade, pelos serviços prestados à cidade. Não chorei em lives, não publiquei reels, não ataquei famílias nem fiz oposição raivosa. Segui adiante com a ajuda de poucos amigos, e o silêncio.
Sim, foi um suplício. Naquele dia 10 de abril de 2024, recebi a Portaria de exoneração em casa, diante do olhar entristecido do meu neto, de duas filhas e da mãe delas. Não houve agradecimento, tampouco pedido de desculpas. E não precisava. Reconheço as oportunidades que me foram dadas e lutei para ser merecedor delas.
O reconhecimento não precisa vir pela comparação. Não preciso que me elevem para diminuir ninguém. Minha história fala por mim:
- 27 anos de serviço público;
- Passagens por cargos estratégicos no Executivo e no Legislativo;
- 812 horas de capacitações em gestão, cultura, direito e administração pública.
Por isso, lamento ver uma tentativa desnecessária de criar rivalidade entre trajetórias distintas. O atual chefe de gabinete não errou, apenas não cedeu à pressão de ter que citar nomes que nada tinham a ver com o contexto da entrevista.
Minha história não precisa ser usada para desmerecer ninguém, muito menos para atacar uma gestão que me recebeu com respeito e confiança.
Se querem debater projetos e ideias para Marí, estarei à altura. Mas não aceitarei ser reduzido a peça retórica em disputas que não são minhas.
- Manuel Batista