ExporAgro 2025: política, administração e efeitos reais em Mari (PB)
ANÁLISE | Severino Ramos, secretário de Desenvolvimento Econômico e Agrário, começou a gestão Lucinha da Saúde em Mari (PB) em posição instável. Nos primeiros seis meses, criticou sistematicamente o governo, teve desentendimentos com a comunicação institucional e chegou a ficar na berlinda, sob risco de demissão.
Nos dias 5, 6 e 7 de setembro, a ExporAgro 2025 se tornou o palco de afirmação de Ramos. Ele, que ocupa a pasta desde o ciclo de oito anos do ex-prefeito Antônio Gomes, conseguiu transformar um início conturbado no governo Lucinha da Saúde em demonstração de capacidade administrativa, técnica e articulação política.
Segundo estimativa do próprio secretário à imprensa, a feira movimentou mais de R$ 2 milhões em negócios. O levantamento real do impacto econômico do evento ainda deve ser divulgado oficialmente. No entanto, a percepção é de que a feira atingiu mais fora do que dentro da cidade. A maior parte do público e dos expositores veio de visitantes da região, enquanto o cidadão de Mari teve papel de espectador: acompanhou o espetáculo grandioso, mas sem perspectivas claras de impacto futuro para o agro local ou para o comércio da cidade. E mesmo no campo econômico, o resultado foi desigual: a geração de negócios beneficiou sobretudo empresas e produtores de fora, e não o próprio agro de Mari.
Politicamente, a feira teve peso. A prefeita Lucinha da Saúde fez sua primeira aparição pública significativa no ano e concedeu entrevistas — à imprensa amiga — reforçando a imagem de um governo coeso. A presença do pré-candidato ao governo da Paraíba, Lucas Ribeiro (PP), conferiu dimensão regional ao evento, transformando a ExporAgro em plataforma de visibilidade política mais do que em instrumento de desenvolvimento local.
Administrativamente, a organização rendeu frutos: Ramos consolidou-se no governo, a prefeita fortaleceu sua imagem e o governo mostrou unidade. Socialmente, porém, a distância entre visibilidade e benefício direto para o cidadão ficou evidente.
A ExporAgro 2025 reforçou posições, consolidou projeção política e destacou competências. Mas deixou claro que, para a população de Mari, o evento teve efeito simbólico e cultural, não econômico — uma lição que ainda precisa ser considerada.