Entre decretos de contenção e crise no hospital, Prefeitura de Mari (PB) planeja megaevento agropecuário
Foto: Reprodução Instagram/Acervo Pessoal da prefeita Lucinha da Saúde
Em plena vigência do Decreto Municipal nº 029/2025, que impõe medidas de contenção e contingenciamento de despesas no Poder Executivo, a Prefeitura de Mari (PB) mobilizou esta semana todo o seu primeiro escalão e assessores para dar início à organização da ExpoAgro 2025, anunciada como a maior feira agropecuária da região. A prefeita Lucinha da Saúde (PSB) divulgou a reunião nas redes sociais com entusiasmo, destacando o evento como “espaço de valorização e fortalecimento da economia local”.
O tom positivo, no entanto, contrasta com o próprio cenário admitido pela gestora. Em fala pública durante um evento em Campina Grande, Lucinha reconheceu que o município “fecha no vermelho” e que “está muito difícil manter o hospital em funcionamento”, apontando diretamente para a fragilidade orçamentária enfrentada pela cidade.
Mesmo com esse cenário, a Prefeitura avança com os preparativos para dois grandes eventos: a ExpoAgro e a tradicional festa de aniversário da cidade, prevista para setembro. Ambos exigem contratação de estruturas, atrações, serviços terceirizados e publicidade — ações que demandam investimentos significativos, dificilmente compatíveis com a atual situação fiscal.
O Decreto 029/2025, assinado em 4 de junho, determina a suspensão de novos contratos, limitação de gastos com eventos, corte de diárias e revisão de gratificações, com o objetivo declarado de equilibrar as contas públicas. No entanto, a prática administrativa da gestão Lucinha da Saúde caminha em sentido oposto, o que tem gerado questionamentos entre moradores e servidores municipais.
Ou seja: Se há um decreto em vigor restringindo despesas, e a própria prefeita admite não conseguir manter o hospital funcionando, não faz sentido mobilizar toda a estrutura do governo para organizar festas e feiras. Isso é incoerente e compromete a confiança da população.
Até o momento, a Prefeitura de Mari não divulgou os valores estimados para a realização da ExpoAgro nem da festa de setembro, tampouco apresentou fontes de financiamento ou publicou processos licitatórios relacionados. A ausência de transparência agrava a percepção de que há um descompasso entre as prioridades do governo e as necessidades da população.
A pergunta que não cala:
se não há dinheiro suficiente para manter um hospital funcionando, como haverá para eventos com alto custo de produção?