EDITORIAL | Sapé/PB: A conta não fecha, Major Sidnei
Foto: Reprodução Google/Site Maurilio Junior
O prefeito de Sapé, Major Sidnei Paiva, enfrenta um dilema que nenhum discurso de campanha é capaz de resolver: como pedir votos para sua esposa, Denise Ribeiro, enquanto sua gestão acumula alertas do Tribunal de Contas, atrasos nos pagamentos públicos e sinais claros de desorganização administrativa?
Segundo relatório oficial do TCE-PB, despesas já liquidadas — ou seja, devidamente atestadas como executadas — permanecem sem pagamento há mais de 90 dias, violando a ordem cronológica de exigibilidade prevista pela Lei nº 14.133/2021. O processo nº 00428/25 não se restringe ao gabinete do prefeito: alcança também o Fundo Municipal de Saúde, o que sugere um padrão de conduta que compromete setores essenciais como a saúde pública.
Não é exagero dizer que a gestão do Major tropeça no básico. E quando o essencial falha, projetos políticos se fragilizam. Ainda assim, em meio a esse cenário, o prefeito aposta numa cartada pessoal: a pré-candidatura de sua esposa, Denise Ribeiro, que ocupa dois dos principais cargos da administração — Ação Social e Administração — e agora se apresenta como opção para a Assembleia Legislativa da Paraíba.
A pergunta que se impõe é direta: com que autoridade política o prefeito levará esse projeto adiante na região? Como convencer aliados, lideranças e eleitores de que Denise Ribeiro representa renovação ou preparo, quando seu nome está diretamente ligado à mesma gestão que desrespeita regras básicas de finanças públicas, acumula poder familiar e se recusa a prestar esclarecimentos sobre alertas oficiais?
A tentativa de transformar cargos técnicos em trampolins eleitorais tem sido recorrente na política paraibana. Mas há momentos em que o descompasso entre ambição e realidade fica evidente demais para ser ignorado. A pré-candidatura de Denise não nasce de uma base social autônoma nem de um histórico público consistente. Nasce da estrutura de uma gestão que, até aqui, tem colecionado mais questionamentos do que resultados.
É legítimo desejar ampliar a influência política, mas é preciso apresentar méritos, não apenas vínculos. A população de Sapé — e da Paraíba — não pode ser convocada às urnas apenas para validar projetos familiares embalados em marketing e sustentados por cargos em comissão.
Se o Major Sidnei insiste em levar adiante esse plano eleitoral, precisará antes responder à pergunta que ecoa entre servidores, fornecedores, moradores e observadores atentos da cena política local: a gestão falha de hoje é o modelo de futuro que se quer oferecer ao Estado?