EDITORIAL | Sapé (PB) exige remédios, não desculpas


Foto: Reprodução Google/Acervo Pessoal 

A saúde pública de Sapé vive um momento crítico. A crise no Hospital Regional Dr. Sá Andrade, escancarada por denúncias que viralizaram nas redes sociais, é apenas a face mais visível de um problema mais profundo: a desestruturação do sistema municipal de saúde sob a gestão do prefeito Major Sidnei.

Não é apenas o hospital — que deveria ser a referência para toda a Zona da Mata paraibana — que está à míngua. A farmácia básica municipal também enfrenta escassez crônica de medicamentos essenciais, comprometendo o tratamento de pacientes com doenças crônicas e sobrecarregando ainda mais a rede. Quando o cidadão não encontra atendimento adequado no hospital e tampouco acesso aos remédios básicos na rede pública, resta-lhe o abandono.

A visita recente do prefeito e do presidente da Câmara Municipal ao Hospital Sá Andrade, realizada sem aviso prévio e sem cobertura da imprensa, é sintomática: um ato burocrático, deslocado da realidade, e incapaz de oferecer respostas concretas. Até o momento, nenhuma medida emergencial foi anunciada. Nenhum cronograma foi apresentado. Nenhuma responsabilidade foi assumida.

Diante disso, é preciso afirmar com clareza: o governo municipal fracassou na condução da política de saúde. A ausência de um plano de abastecimento eficiente, a falta de monitoramento dos estoques e a inércia diante das denúncias expõem uma gestão incapaz de garantir o mínimo.

A Prefeitura precisa, com urgência, romper o ciclo de improviso e anunciar um plano emergencial estruturado, que deve contemplar ao menos cinco frentes:

1. Reposição imediata de medicamentos tanto no hospital quanto na farmácia básica municipal;

2. Auditoria nos contratos e fluxos de abastecimento, com transparência sobre compras e estoques;

3. Nomeação de equipe técnica capacitada, com foco na eficiência do sistema de saúde, e não no favorecimento político;

4. Divulgação de boletins semanais de abastecimento e atendimento, prestando contas diretamente à população;

5. Criação de um gabinete de crise, com participação da sociedade civil e órgãos de controle, para fiscalizar as ações do governo.

O momento não permite mais paliativos. A gestão municipal tem ignorado o alerta da população e confiado que uma boa campanha de marketing digital seria suficiente para conter a revolta. Mas a realidade é teimosa: ela não pode ser filtrada com fotos de gabinete ou vídeos institucionais.

Enquanto o governo gasta recursos com festas, publicidade e homenagens, o cidadão sapeense é empurrado para a negligência — e, muitas vezes, para o desespero. Uma mãe que precisa levar o próprio remédio ao hospital para salvar o filho não está sendo atendida por um Estado; está sendo abandonada por ele.

A saúde é responsabilidade inegociável do poder público. E é obrigação de qualquer governo colocar a vida acima da propaganda.

Sapé exige mais que visitas e discursos: exige ação, transparência e respeito.



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