EDITORIAL | Carro, denúncia e política miúda: o que (realmente) está por trás do episódio na Câmara de Mari (PB)

Foto: Reprodução Google/Acervo Pessoal 

Noticiada ontem (21), uma denúncia anônima enviada ao Ministério Público da Paraíba (nº 001.2025.063226 / CNMP 20.18.0026.0063226/2025-79) aponta o suposto uso indevido de um carro locado pela Câmara Municipal de Mari, flagrado, segundo noticiado, na orla de João Pessoa. A denúncia mira a gestão da atual presidente da Casa, vereadora Djá Moura.

Foto: Reprodução/denúncia anônima enviada ao Ministério Público da Paraíba (nº 001.2025.063226 / CNMP 20.18.0026.0063226/2025-79) 


À primeira vista, pareceria mais um dos tantos episódios de uso irregular da estrutura pública. No entanto, ao analisarmos com a devida responsabilidade, o caso apresenta elementos que ultrapassam a esfera administrativa: expõe uma manobra política com sinais claros de disputa interna e sabotagem.

É no mínimo curioso — para não dizer improvável — que alguém, em meio à orla nublada da capital, reconheça um carro popular  - descaracterizado - da Câmara de Mari, identifique com precisão modelo e placa, fotografe e formalize uma denúncia ao MP. Isso exige um nível de conhecimento que dificilmente pertence a um cidadão comum.

O jornalismo Paraíba 2.0 analisou o episódio com base em informações disponíveis e conclui que somente alguém com acesso direto aos dados da frota legislativa teria essa capacidade de identificação e motivação para denunciar. Mais do que isso: não se pode descartar que o próprio denunciante tenha estado de posse do veículo no momento em que foi fotografado.

Se essa hipótese se confirmar — e é apenas uma hipótese, que merece investigação — a denúncia se transforma em arma de desgaste político. Um tiro calculado, dirigido à imagem da presidente da Câmara. Um uso indevido não do carro, mas da máquina de denúncia institucional, agora transformada em instrumento de pressão.

Cabe à presidente Djá Moura agir com total transparência e firmeza: levantar a escala de uso do veículo, consultar os registros de abastecimento e deslocamento, acionar imagens de câmeras da orla e, se disponível, dados de GPS. A resposta precisa ser clara, objetiva e pública.

Caso essa denúncia tenha sido construída para fragilizar a liderança da vereadora, o efeito pode ser inverso. O feitiço, nesse cenário, pode muito bem virar contra o feiticeiro.

No atual cenário político paraibano, denúncias infundadas ou com motivação duvidosa têm se tornado comuns — como indicam outros casos semelhantes investigados pelo Ministério Público. Mas isso não pode se tornar prática normal. É dever da sociedade e da imprensa distinguir crítica legítima de jogada ensaiada.

Este editorial não afirma culpados, mas defende o direito de defesa e o princípio da boa-fé. O jornalismo existe para buscar a verdade — mesmo que ela incomode.

Nota do editor: Este editorial reflete a opinião do jornalismo Paraíba 2.0 com base em informações públicas, relatos verificados e análise de contexto político. Todos os envolvidos têm direito de resposta, como assegura a legislação brasileira.



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