Nova secretária assume Saúde de Mari (PB) com contrato emergencial de R$ 120 mil, apesar de licitação milionária recente
A movimentação administrativa poderia passar despercebida, não fosse um detalhe que chama atenção: no dia 13 de março deste ano, a Prefeitura de Mari já havia homologado uma licitação no valor de R$ 1.330.049,71 justamente para aquisição parcelada de peças automotivas novas, destinadas à manutenção da frota municipal — incluindo, portanto, os veículos utilizados pelas secretarias, como a de Saúde.
A licitação milionária, realizada por meio de pregão eletrônico, teve como vencedores as empresas O Cearense Distribuidora de Peças Ltda – EPP, com uma proposta de R$ 967.923,22, e a Mult Diesel Auto Peças e Serviços Ltda, com valor de R$ 1.346.857,84. O contrato foi registrado no sistema Sagres, do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB).
Sobreposição de gastos ou falta de planejamento?
A nova dispensa de licitação levanta dúvidas sobre a gestão e o planejamento do uso de recursos públicos na atual administração. Afinal, se há um contrato recente com fornecimento de peças já firmado por mais de R$ 1 milhão, por que recorrer a nova contratação direta com valores que superam a casa dos R$ 100 mil?
Procurada, a Prefeitura ainda não se manifestou oficialmente sobre o motivo da nova contratação ou se há distinção entre os itens contratados nas duas modalidades. O Termo de Referência mencionado no aviso de dispensa não foi disponibilizado publicamente até o fechamento desta edição.
Mudança no comando da Saúde
A nomeação de Noêmia Alves Pereira acontece após a saída de Virgínia Cavalcante do cargo. Noêmia é enfermeira de carreira e tem larga experiência, sendo bem vista entre os profissionais da área.
Embora a troca de comando costume ser acompanhada de ajustes operacionais, a abertura de novo processo de contratação, em meio a contratos vultosos já vigentes, reforça questionamentos sobre a transparência e eficiência do uso do dinheiro público em Mari.
A nova secretária herda uma pasta sensível e estratégica, que nos últimos anos enfrentou críticas por deficiência na prestação de serviços e falhas.
A coincidência de datas: estaria a nova secretária apenas dando continuidade a uma autorização deixada por sua antecessora? Teria Virgínia Cavalcante autorizado a abertura da nova contratação no apagar das luzes de sua gestão?