Análise – Agricultura em Mari (PB): os números ignorados no discurso político
Foto: Reprodução Google/Site da Rádio Araçá FM
Por mais que a crítica seja um elemento essencial à democracia, há momentos em que os números pedem silêncio e análise. No caso do município de Mari (PB), a gestão de Severino Ramo à frente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Agrário tem sido alvo de pressões públicas e internas, com setores da imprensa e até membros do próprio governo Lucinha da Saúde pedindo sua substituição. Mas, à luz dos dados, essa cobrança parece, no mínimo, desinformada.
De janeiro a abril de 2025, o município viabilizou R$ 2,95 milhões em créditos dentro do Plano Safra. A maior parte desse montante – R$ 2,56 milhões – foi direcionada ao agronegócio, mas chama atenção o dado da agricultura familiar, que firmou 42 contratos e movimentou R$ 388,55 mil em crédito do PRONAF.
Além disso, no mesmo período, 3 agricultores familiares foram contemplados pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), com repasses totais de R$ 9,57 mil. É um número modesto, sim, mas ainda assim representa um vínculo institucional em operação entre a produção local e as políticas de segurança alimentar.
Outro dado relevante é o levantamento atualizado de abril de 2025: 803 agricultores familiares ativos com DAP ou CAF, sendo 86 com DAP e 717 com CAF. Esse universo de produtores aptos representa uma base significativa para ações de fomento à agricultura familiar – e é, por si só, um indicativo de articulação institucional da Secretaria com os cadastros nacionais.
Ainda há muito a melhorar, mas não se pode ignorar que há um sistema de apoio funcionando. A crítica que ignora os dados tende ao ruído político, não ao aperfeiçoamento da gestão. Severino Ramo, remanescente da era Antônio Gomes, talvez não seja uma figura de consenso, mas os resultados que sua pasta apresenta, ao menos até abril de 2025, desafiam as narrativas apressadas sobre sua suposta ineficiência.
A política exige sensibilidade, mas também responsabilidade com os fatos. E os fatos mostram que a agricultura em Mari está, sim, produzindo – e com crédito, organização e presença nos programas federais.