Sapé/PB: Dependência de Recursos Federais Exibe Fragilidades da Gestão Municipal

Foto: Reprodução Instagram/Prefeito Major Sidnei visitando o Hospital Regional Sá Andrade 

A cidade de Sapé vive uma realidade paradoxal. Embora o prefeito Major Sidnei tenha conquistado uma reeleição expressiva e seja bem avaliado pela população, os números revelam um município altamente dependente dos repasses federais. Enquanto a administração local se mantém passiva, os programas sociais sustentam a economia da cidade, escancarando a falta de políticas municipais voltadas ao desenvolvimento econômico e social.

Assistência Social: Programas Federais Mantêm a População

Os dados mais recentes mostram que a assistência social em Sapé é, em grande parte, garantida pelo governo federal. O Bolsa Família, por exemplo, beneficiou 12,08 mil famílias apenas nos dois primeiros meses de 2025, com um repasse total de R$ 15,92 milhões. O valor médio recebido por família foi de R$ 658,72. Além disso, o Auxílio Gás atendeu 8 mil famílias nesse período, totalizando R$ 847,89 mil.

O Benefício de Prestação Continuada (BPC), voltado a idosos e pessoas com deficiência, destinou R$ 85,31 milhões à cidade ao longo de 2024. Esses números deixam claro que uma parcela significativa da população depende de assistência federal para sobreviver.

Apesar dessa necessidade evidente, o próprio Fundo Municipal de Assistência Social recebeu apenas R$ 62,08 mil no início de 2025. Um valor insuficiente para atender às demandas locais e que reflete a falta de investimento da gestão municipal nessa área.

Emprego: Crescimento Lento e Poucas Oportunidades

O mercado de trabalho formal em Sapé permanece estagnado. Até dezembro de 2024, a cidade registrava apenas 3,18 mil postos de emprego formal. No último mês do ano, foram geradas apenas 24 novas vagas, divididas igualmente entre homens e mulheres. Desde janeiro de 2023, o total de empregos criados foi de 296, sendo 244 ocupados por homens e apenas 52 por mulheres.

A falta de empregos formais contribui para o endividamento da população. O programa Desenrola Brasil, que renegocia dívidas de pessoas de baixa renda, atendeu 882 sapeenses até junho de 2024. Foram negociados 1,86 mil contratos, com um valor original de R$ 4,57 milhões, reduzido para R$ 691,89 mil, um desconto médio de 84,87%.

Agricultura: Apoio Federal, Falta de Gestão Local

O setor agrícola da cidade também depende fortemente de políticas federais. O Plano Safra 2025 concedeu R$ 1,79 milhão em créditos, mas a maior parte desse valor (R$ 1,75 milhão) foi para o agronegócio, enquanto a agricultura familiar recebeu apenas R$ 36 mil.

O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que deveria fortalecer os pequenos produtores, beneficiou 85 agricultores com um repasse de R$ 553,01 mil no primeiro semestre de 2024. Esses números revelam que, sem o suporte federal, os agricultores familiares estariam ainda mais vulneráveis.

Atualmente, 603 agricultores possuem a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) ou estão cadastrados no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF). No entanto, o acesso a crédito e incentivos municipais é praticamente inexistente.

Gestão Passiva e a Camuflagem dos Dados

Mesmo com a expressiva aprovação popular, a gestão de Major Sidnei pouco avançou na criação de soluções para tornar Sapé menos dependente do governo federal. A cidade continua sustentada por auxílios e programas sociais, sem investimentos sólidos em geração de empregos, infraestrutura ou incentivo ao empreendedorismo local.

A estratégia do prefeito foi eficiente nas urnas, mas mascarou uma realidade incômoda: a economia do município não se sustenta sem os repasses federais. Em quatro anos e três meses de governo, a administração municipal demonstrou pouca capacidade de estruturar políticas próprias para fortalecer a cidade.

Sapé segue refém de auxílios, enquanto a gestão municipal aceita essa dependência sem apresentar soluções concretas. O resultado é um município economicamente vulnerável e sem perspectiva de mudança a curto prazo.


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